Tan-tan talvez não seja nada. Pode ser que seja um embuste. Talvez não passe de um desejo ou de uma vontade de estar só. Se calhar é só isso. Tan-tan é também uma foto. É a foto de um café que encontrei na internet. Olho para ela e vêm-me à cabeça reflexões banais, as pseudo-literárias do costume: vejo o jovem que sai do café e fico a pensar no que foi lá fazer. E os três que estão sentados? Estupidamente imagino as suas vidas e as conversas que têm na mesa do café. A placa, em cima, alimenta este universo onírico: Hotel, café, restaurante e mais qualquer coisa que não percebo: "Esaada". É para aí que vou, para Tan-tan, sentar-me naquela mesa de café. Será que existe?
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Faz tempo que quero partir, sózinho, sem compromissos, sem destino, sem ir a lado nenhum,
apenas seguir um rumo, sem pressas, sem agenda e sem ter nada que fazer. A fotografia é o ponto de partida e o destino de uma viagem que começa em Lisboa em frente ao computador. Procuro Tan-tan para alimentar esta história que provavelmente não está na foto mas dentro de mim.
Sobre mim
Já tive um piriquito domesticado mas fugiu. Fui incapaz de lhe cortar a ponta das asas para não voar e um dia ele fez mesmo uso delas e partiu. Fiquei contente por ele e por mim, desde esse dia que já não tive de limpar cagadelas que deixava pela casa toda.
Tirando o Pitufo (chamava-se assim) nunca mais tive um animal. Tenho uma filha mas não é bem a mesma coisa. Chama-se Lua porque também tive um período freak na minha vida e resolvi gravar para sempre- sob a forma de nome - esse meu passado. O do pássaro foi mero acaso, Pitufo é Estrumfe em espanhol e surgiu assim do nada.
Gosto de viajar, de comer açorda de marisco e de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, às vezes nem importa o quê, sou um bocado viciado em intensa actividade.
Finalmente, sou uma das pessoas na foto em cima, sim sou o gajo com o pássaro na cabeça.