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    Tan-tan talvez não seja nada. Pode ser que seja um embuste. Talvez não passe de um desejo ou de uma vontade de estar só.  Se calhar é só isso. Tan-tan é também uma foto. É a foto de um café que encontrei na internet.  Olho para ela e vêm-me à cabeça reflexões banais, as pseudo-literárias do costume: vejo o jovem que sai do café e fico a pensar no que foi lá fazer. E os três que estão sentados?  Estupidamente imagino as suas vidas e as conversas que têm na mesa do café.  A placa, em cima, alimenta este universo onírico: Hotel, café, restaurante e mais qualquer coisa que não percebo: "Esaada".  É para aí que vou, para Tan-tan, sentar-me naquela mesa de café. Será que existe?

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    Faz tempo que quero partir, sózinho, sem compromissos, sem destino, sem ir a lado nenhum, apenas seguir um rumo, sem pressas, sem agenda e sem ter nada que fazer.  A fotografia é o ponto de partida e o destino de uma viagem que começa em Lisboa em frente ao computador. Procuro Tan-tan para alimentar esta história que provavelmente não está na foto mas dentro de mim.



    Lisboa, 28 de Março de 2013.



Sobre mim

    Já tive um piriquito domesticado mas fugiu. Fui incapaz de lhe cortar a ponta das asas para não voar e um dia ele fez mesmo uso delas e partiu. Fiquei contente por ele e por mim, desde esse dia que já não tive de limpar cagadelas que deixava pela casa toda.

    Tirando o Pitufo (chamava-se assim) nunca mais tive um animal. Tenho uma filha mas não é bem a mesma coisa. Chama-se Lua porque também tive um período freak na minha vida e resolvi gravar para sempre- sob a forma de nome - esse meu passado. O do pássaro foi mero acaso, Pitufo é Estrumfe em espanhol e surgiu assim do nada.


    Gosto de viajar, de comer açorda de marisco e de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, às vezes nem importa o quê, sou um bocado viciado em intensa actividade.


    Finalmente, sou uma das pessoas na foto em cima, sim sou o gajo com o pássaro na cabeça.